Festival de Curitiba recebe peça sobre causa animal com feira de adoção após cada sessão
06/03/2020
A nova edição do maior festival de teatro das Américas, o Festival de Teatro de Curitiba, já tem data para acontecer.
A celebração cultural, que está em sua 29ª edição, tem início no dia 24 de março e vai até 5 de abril, reunindo mais de 400 atrações, espalhadas em mais de 80 espaços pela cidade. Os ingressos vão desde espetáculos gratuitos a R$80.
Uma das produções que fazem parte da programação é "Benjamin", idealizada pelo artista emigrante armênio Arthur Haroyan, que aborda o direito dos animais e que arrecadou, nas três primeiras temporadas, mais de uma tonelada de ração, posteriormente doadas para ONGS parceiras, e promovendo a adoção de 12 cachorros. Entre um dos adotantes, estava o rapper Projota.
Em Curitiba, o espetáculo ocorre UNINTER – Polo Divina, Rua do Rosário, 147, São Francisco. Curitiba (PR) de 25 a 28 de março,
25/03 (QUA) às 20:30
26/03 (QUI) às 11:30
27/03 (SEX) às 17:30
28/03 (SAB) às 14:30
Sobre a peça:
A relação do artista armênio Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffí, morto em agosto de 2018, inspirou o espetáculo "Benjamin".
Alguns dos temas discutidos são a falta de leis que defendam os animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e qualidade de vida. Ao final de cada sessão, um cachorro assistido por uma ONG de proteção aos animais estará disponível para adoção, respeitando todas práticas previstas neste tipo de processo.
A peça é a terceira do Grupo ARCA, criado por Arthur, e conta a história de Benjamin (Mário Goes), vira-lata que promove mudanças profundas na vida de Berta (Júlia Marques), mulher que o adota após ser traída pelo marido, Nöah (Lisandro Di Prospero), durante sua lua de mel em Istambul.
Com a chegada de Benjamin, o público passa a assistir a visão que Berta projeta sobre o animal. Nele, Berta vê um ser humano ideal, que é cuidadoso, otimista, poético, respeitoso e companheiro, tornando-se assim uma metáfora que ilustra sentimentos verdadeiros e o amor genuíno, muito presentes no comportamento dos cachorros.
Quando Nöah reaparece, Benjamin logo passa a ser assistido pelo público sob a ótica do homem, tomando então uma forma não apenas animalizada, mas triste e solitária, já que o cachorro é menosprezado por ele.
“Berta enxergava em Benjamin algo que devia existir nos seres humanos, mas normalmente não existe. Já Nöah traz uma outra camada, e logo o assunto central da peça se torna a confiança traída, o abandono e os maus tratos aos animais”, conta Arthur, que também assina a direção da trama.
Benjamin, que até então interagia, conversava e até dançava valsa com Berta, é deixado de lado, perdendo sua voz e todas características que a relação com a mulher o conferiam. “Benjamin sofre questões ligadas à indiferença do ser humano, tornando-se assim um representante de vários outros animais que passam por situações semelhantes”, completa o artista.
A encenação da peça é realista, exceto pela própria composição do personagem canino, que ganha um figurino futurístico alterado de acordo com a mudança de olhares dos humanos sobre ele. Apesar de não haver nenhum indicativo exato sobre o tempo em que a peça se passa, Benjamin tem ambientação inspirada nos anos 40, com referência ao cinema mudo, à filmografia de Charlie Chaplin e a estrutura do jogo de xadrez, com peças brancas e pretas que se colidem e se misturam durante a partida.
“O cenário é composto por muitos elementos geométricos e brancos, que vão tomando outras cores após a entrada de Benjamin e mudam novamente depois do retorno de Nöah”, conta Arthur. O dramaturgo e diretor explica que a chegada de Nöah ‘suja’ o ambiente, como se ele trouxesse uma atmosfera venenosa e pesada a um espaço que havia sido colorido por Benjamin.