Primavera nos olhos, com música e poesia no Jokers Pub

12/09/2019

No dia 20 de setembro, a partir das 20 horas, o Jokers Pub vai abrigar o encontro de uma das mais produtivas gerações de artistas paranaenses. Nesta data acontece a festa “Primavera nos Olhos”, com o lançamento de “Poemas de Amor Ainda”, novo livro de Antonio Thadeu Wojciechowski, e “A Caverna dos Destinos Cruzados”, primeiro título escrito em conjunto pelos poetas Monica Berger e Sérgio Viralobos.

A noitada, com entrada franca, terá ainda show da Orquestra Sem Fim, novo projeto musical de uma turma de músicos, compositores e poetas que desde os anos 80 figuram como nomes fortes da cena cultural da cidade. Será, pode-se dizer portanto, uma festa entre amigos, já que esses multifacetados artistas têm sido parceiros ao longo de praticamente as últimas quatro décadas. Haverá também leitura de poemas e sessão de autógrafos.

“Poemas de Amor Ainda” (Ed. Bernúncia, 320 págs) reúne textos dos últimos dez anos, desde que Thadeu entrou para o Facebook. Ele entregou os mais de 600 textos do período ao também poeta, tradutor e doutor em Letras, Ivan Justen Santana, e deu-lhe a missão de escolher os que estariam nas 300 páginas planejadas. “Só não quero dois poemas numa mesma página, não admito uma moldura com dois quadros”, foi a única orientação. “Quero dar ao poema o ar que ele precisa para ser absoluto na paisagem”, esclarece.

O mesmo pedido foi feito à cartunista Pryscila Vieira, encarregada do projeto gráfico e das ilustrações. “Tive a honra de desenhar os pensamentos do Thadeu com a liberdade que só um artista maior pode conceder a outro artista sobre sua própria obra. Generoso, disse simplesmente: ‘Não tenho orientação alguma. Só confio em você’”, conta ela que, envolta nas emoções despertadas, buscou “fazer a ilustração vibrar em sintonia absoluta com a intenção de seu criador”. “Caminhei pela mente do poeta”.

Carisma, audácia, fervor e rigor são adjetivos costumeiramente associados não apenas à obra, mas também à pessoa do Thadeu. O domínio estilístico para domar as rimas e exercitar as formas literárias faz tudo parecer fácil. Porém, como disse Hamilton Faria “não basta o amor para se fazer boa poesia, é necessário emoção estética, criação de linguagem, visão de mundo e um certo estado de alma, qualificações evidentes na arte criada por Thadeu”.

“Escrever é algo muito fácil quando a gente ama”, explica o Poeta da Barreirinha. “Mas, às vezes, noto que tal poema fica bom em decassílabo e isso aumenta a dificuldade. Mas o que me importa mesmo é que, ainda assim, seja uma fala do cotidiano. Não uso uma palavra que não seja do dia a dia... tá, tem umas duas ou três que eu quis que a pessoa buscasse um dicionário".

Poeta, publicitário, professor e compositor, em vias de completar 70 anos, Thadeu mantém seu currículo em movimento contínuo. Este novo título se junta às mais de 40 obras lançadas - sozinho ou com parceiros -, aos livros publicados em blog e àqueles quase prontos ou em fase de retoques, como informam as últimas páginas de Poemas de Amor Ainda. E tem ainda uma penca de belas canções já gravadas e outra centena ainda inéditas para incluir nessa vida dedicada à poesia.

Monica Berger_divulgação

A Caverna dos Destinos Cruzados (Selo Demônio Negro, 117 págs) - A história da aventura de um lobo e uma pantera em meio a um mundo que está prestes a se autodestruir, por sua vez, começou a tomar forma anos atrás, quando Monica, uma referência em Tarô no Brasil, sob o pseudônimo de Zoe de Camaris, usou como tema para as suas aulas de literatura a obra de Ítalo Calvino, “O castelo dos destinos cruzados”. Nele, que é dividido em dois livros, o Tarô - utilizado como um sistema de linguagem, uma espécie de abecedário imagético - ocupa papel principal. Ao final, o autor faz a tentadora sugestão da criação de um livro de número três. Amigos de adolescência, a dupla se encontrou diariamente ao longo de um ano para criar a saga de Pan e o Lobo. Sem a pretensão de seguir a dica de Calvino, ousaram um diálogo e criaram uma história marcada pela parceria, pelo caos e pela inocência.

“É um poema único, mas dentro dele aparecem outros 22 poemas que se referem aos arcanos do Tarô. É uma obra acessível tanto a amantes da Poesia ou Literatura quanto a iniciados nos mistérios do Tarô”, explica Sergio. “Cada palavra foi escrita a quatro mãos, embora a caneta estivesse nas mãos dele”, completa Monica.

Sérgio Viralobos - Foto Maringas Maciel

A relação entre a imagem e a poesia foi fundamental para o resultado da obra. E, para completar a parceria, entrou em cena Leonardo Chioda, escritor, artista gráfico e estudioso do Tarô, responsável pela iconografia. Apaixonado pela obra de Ìtalo Calvino que inspirou A Caverna e amigo de Monica há anos, tem várias parcerias com ela, sempre sob o pseudônimo Zoe de Camaris. “Tive total liberdade para recriar as imagens arquetípicas do Tarô sob uma visão apocalíptica, repleta de referências à música, à pintura, à política, à psicologia e à magia”, pontua ele, que considera o trabalho um marco. “Aponta uma nova fase do Tarô no Brasil enquanto produto cultural, já que o reaproxima da literatura”, diz ele que, como Zoe de Camaris, é colaborador do Personare, o maior portal de autoconhecimento e bem-viver do país.

Orquestra Sem Fim -foto Eduardo Moura

A Orquestra Sem Fim é formada pelos músicos Rodrigo Barros (vocal e violão elétrico), Luiz Ferreira (cordas e vocal), Sérgio Viralobos (vocal), Walmor Góes (guitarra), Marcelo Sandmann (teclados), Miguel Zattar (guitarra), Alberto Lins (baixo) e Ricardo Fadel (bateria). Originários de bandas seminais da música curitibana, como Contrabanda, Beijo AA Força, Opinião Pública e Maxixe Machine, Rodrigão, Ferreira, Viralobos, Walmor e Carlos Lins se uniram a três músicos do conceituado grupo ZiriGdanski (Zattar, Sandmann e Fadel) “para oferecer ao público um caldeirão sonoro digno de nossas melhores tradições”, explica Ferreira. No momento, a banda está finalizando seu primeiro álbum, a ser lançado brevemente em todas as plataformas digitais através do selo iMusics. No repertório do show, eles prometem músicas novas.

O lançamento dos dois livros foi realizado com apoio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba, e incentivo da Uninter.

Crédito capa - "Poemas de amor ainda" - Pryscila Vieira

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