Documentário sobre a cena musical de Curitiba estreia no canal Music Box Brazil

21/09/2020

Foto capa - Zeca Milléo

O documentário "Uma Fina Camada de Gelo", de Vinicius 'Tchê' Ferreira, fará sua estreia em rede nacional de televisão em setembro.

A produção, que aborda a cena musica curitibana, será exibida nesta quarta-feira (23), às 22h, no canal Music Box Brazil. São entrevistas com produtores, donos de bares, radialistas, jornalistas e músicas que percorrem o período entre o final dos anos 70 e começo dos anos 2000, com o objetivo de resgatar e registrar a história de uma cena multifacetada e que já foi chamada de "a Seatle brasileira".

Por meio de depoimentos de personagens importantes, entre eles os músicos Rodrigo Barros Del Rei (Contrabanda, Beijo AA Força, Maxixe Machine e Orquestra Sem Fim), Fabio Elias (Relespública), J.R. Ferreira (July et Joe, Intruders, Magnéticos e dono do Ninety Two Degrees, o 92 Graus, o templo da música autoral curitibana) e Paulinho Teixeira (Blindagem), o filme encara o eterno questionamento sobre “o que é fazer sucesso”.

O diretor conversou também com radialistas e empresários, como a locutora Margot Brasil (rádios Estação Primeira e Mundo Livre FM) e do empresário e produtor Helinho Pimentel, responsável por inúmeras iniciativas de apoio à produção local e que hoje gerencia a Pedreira Paulo Leminski, o maior e mais tradicional local de shows da capital paranaense.

Na pesquisa de imagens, Vinicius teve o auxílio do pesquisador Manoel Neto (que também assina o roteiro do documentário) e do jornalista Rodrigo Juste Duarte, que mantêm o acervo do Museu do Som Independente (Musin). A produção executiva de todo o projeto “Uma Fina Camada de Gelo” é do advogado e músico Fabiano Neves.

Para Vinicius, é importante e gratificante esta estreia nacional porque o documentário debate não só a cena musical de Curitiba, mas a condição de músico e artista independente. “Sempre foi uma dificuldade se reinventar não só na produção artística, mas ter que descobrir modos de ser ouvido, chegar ao público. O filme tenta trazer um pouco dessa luta dos artistas e ajuda a entender que isso é uma coisa cotidiana que sempre vai existir, só muda a forma de fazer conforme período histórico”, pondera. “É um filme que fala para todos que gostam de música e artes e traz questões que seguem relevantes e mais atuais do que nunca”.

Na pesquisa e nas entrevistas feitas para o livro ‘Uma fina camada de gelo – o rock autoral e a alma arredia de Curitiba’, irmão do documentário homônimo, comenta o autor do livro Eduardo Mercer, ele percebeu que Curitiba é uma cidade excessivamente voltada para si mesma. Por isso considera fundamentais as iniciativas para aproximar “a nossa música e os nossos artistas das outras cenas brasileiras”. “É uma ótima notícia. Muita música boa foi feita em Curitiba, em todos os estilos, e esse patrimônio merece divulgação eterna e ininterrupta na própria cidade e no resto do país”, observa.

O músico Gabriel Teixeira, integrante das bandas Sr. Banana e Black Maria, avalia que este projeto, livro e documentário, compõe um histórico registro da cultura curitibana e do que aconteceu na época. “É muito rico por trazer à tona essa nossa cultura tão underground. O artista em geral sempre foi meio marginalizado e é muita coragem de quem faz disso sua profissão. Um documento como este será acessado por futuras gerações e não só por nós, mas por pessoas de fora que saberão o que aconteceu aqui e veio para inspirar e resgatar uma história que nunca tinha sido bem contada até agora”, diz ele.

Fabio Elias, da banda Relespública, fala do orgulho de estar inserido entre tantos artistas de talento. “Poder deixar essa história para futuras gerações saberem que a gente fez barulho, som, música, fez o sonho virar realidade. As dificuldades dão graça à vida. Pro rock nunca foi fácil mesmo e fazer parte de uma história com tantos artistas legais é uma recompensa muito grande pra gente que respira música e vive da música todos os dias da nossa vida”, diz, em nome da banda.

Jr Ferreira - Foto Zeca Milléo

Jr Ferreira, músico, produtor e proprietário do lendário Espaço Cultural 92 Graus, faz coro. “Muito legal ver que mesmo no momento difícil como este estamos passando este documentário pode mostrar um outro momento em que a cidade esteve fervendo, para que outras pessoas possam ver como foi legal”, diz. Para ele, “contar essa história é inspirador, dá uma animação...quem sabe o pessoal se reanima e não deixa peteca cair pra futuras produções e futuros acordes”. “Quanto mais gente puder ver mais legal para nossa história e nossa música. Vamos ver se a gente quebra essa camada de gelo com esse céu maravilhoso”, finaliza.

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