''Peter Pan e Wendy'', aventura e reflexão para pais e filhos

30/04/2023

Capa - Cred Divulgação/Disney+

Com direção de David Lowery ("A Lenda do Cavaleiro Verde", "Meu Amigo, o Dragão", "Sombras da Vida"), "Peter Pan e Wendy", que já está disponível no Disney+,  é a mais recente adaptação inspirada no clássico conto de James Matthew Barrie


 

Wendy, é uma jovem apaixonada por aventuras e que adora brincar com seus irmãos mais novos, João e Miguel, o caçula, com quem divide o quarto em sua casa, em Londres. Ela sempre é chamada a atenção pelos pais com a justificativa de que ela estaria velha demais para brincadeiras imaginativas demais. Depois de um pequeno incidente enquanto brincavam juntos e de uma bronca do pai, o trio vai para a cama. 

Enquanto isso, o menino que não quer crescer chega na cidade durante uma noite para recrutar novas crianças para a Terra do Nunca, junto com sua fiel companheira, a fada Sininho. Ele então chega à casa de Wendy, João e Miguel, que partem voando, literalmente, para uma aventura inesquecível que começará logo depois que eles virarem à direita após a segunda estrela. 

Chegando à Terra do Nunca, o trio se encanta pela beleza do local, mas logo é surpreendido pelo navio pirata comandado por Capitão Gancho que os ataca e os persegue incansavelmente. Enquanto a aventura desenvolve, conflitos e reflexões que afetam jovens e adultos são pontuados. 

"Peter Pan e Wendy" é uma aventura divertida que traz um pouco mais da história sob o ponto de vista de Wendy, que é interpretada pela talentosa Ever Anderson. Ela, que logo sairá de casa para estudar, passa por um conflito interno nessa complicada fase do ter que crescer, mas não querer se tornar um "adulto". O medo de perder sua inspiração/imaginação e se tornar uma pessoas infeliz a faz ter medo do que o futuro possa reservar. A jovem atriz, que já esteve em "Resident Evil 6: O capítulo Final" e "Viúva Negra",  consegue entregar uma Wendy consistente e corajosa, cujo amor pelos seus irmãos a faz enfrentar os mais temidos inimigos. Ever com certeza puxou o talento dos seus pais, a também atriz Milla Jovovich e o diretor Paul W.S. Anderson

O personagem de Peter Pan é interpretado por Alexander Bolony, em seu primeiro longa-metragem. Bolony apresenta um Pan com um olhar inocente e triste ao mesmo tempo. As piadinhas e ironias características do personagem permanecem, mas seu protagonismo não nos atrai tanto o quanto o de Wendy. Sua fiel companheira Sininho é vivida por Yara Shahidi, sendo a primeira atriz negra à interpreta a personagem nas telonas. 


Personagem de Wendy tem maior protagonismo no longa - Cred Divulgação/Disney+

Jude Law vive Capitão Gancho, o vilão incompreendido, que atua também como um motivador da caminhada de Peter, e vice-versa. Os dois tiveram uma longa história de amizade antigamente e contam com assuntos inacabados. Gancho é sempre perseguido pelo crocodilo e seu relógio, uma clara analogia da corrida contra o tempo e contra o "não crescer". "O tempo é relativo. Quando você é mais novo, tudo passa devagar. Mas ao se tornar adulto, tudo passa em um piscar de olhos", diz o seu personagem. Diferente da adaptação de 2003, Jude Law entrega um Gancho discreto, sem grandes pretensões em tela. Não digo isso pela atuação, mas pela pouca profundidade de seu personagem. 

Palmas para o elenco da produção, que é marcado pela diversidade e inclusão. Destaque para a estreia do ator Noah Matthews Matofsky, com Síndrome de Down, que interpreta um dos "garotos perdidos".


Jude Law interpretando o Capitão Gancho - Cred Divulgação/Disney+

Com classificação 12 anos, o longa conseguiu entregar uma experiência reflexiva para pais e filhos, pontuando a necessária vontade, sem ser tão infantil como seu antecessor de 2003, que tinha classificação Livre. O diretor faz o uso de tons sóbrios, mostrando uma tentativa de uma visão mais amadurecida do conto, porém sem perder a magia. As cores poderiam ser mais vibrantes, para tentar resgatar um pouco da nostalgia que a história envolve. 

"Peter Pan & Wendy" cumpre seu papel de entretenimento, porém sem nada memorável. Poderia ser um pouquinho mais curto, ou talvez um caminhar um pouquinho mais dinâmico em alguns momentos. Mas, uma ótima introdução do nostálgico personagem à nova geração. 

@STEREOPOPCURITIBA NO INSTAGRAM