CRÍTICA - 'Drácula', um começo excelente rumo a um fim decepcionante

08/01/2020

Por Felipe Almeida

O ano de 2020 começou com a estreia de esperadas produções na plataforma de streaming Netflix, sendo uma delas, a minissérie "Drácula", desenvolvida em parceria com a BBC.

A série, escrita por Mark Gatiss e Steven Moffat (os mesmos responsáveis por "Sherlock"), gira em torno da temida figura vampiresca, sendo livremente inspirada na obra de Bram Stoker, abordando seu estilo de vida e técnicas predatórias no passado e no presente.

Drácula é interpretado pelo ator dinamarquês Claes Bang ("The Affair"), que executa seu papel perfeitamente, mostrando uma figura sedutora, sarcástica, curiosa e cruel, quando necessário. Destaque para sua sensualidade à flor da pele, relembrando os vampiros de Anne Rice em "Entrevista com o Vampiro", e trazendo várias referências a algumas clássicas adaptações do senhor das trevas.

São três episódios com duração de cerca de 1h30m cada e bem divididos. O primeiro tem foco no período de 1897, seguindo a tradicional história de Stoker, e trazendo um primeiro capítulo que satisfaz os apaixonados pelo gênero. O alívio cômico fica com a atriz Dolly Wells, que interpreta a freira Agatha, assim como a descendente Zoe Van Helsing no terceiro capítulo, que se passa no tempo atual. A religiosa se destaca por sua curiosidade em descobrir todos os segredos de Drácula, fazendo com que o público desvende junto a veracidade dos mitos e lendas que giram em torno do chupador de sangue, como o motivo pelo qual ele teme a cruz, os espelhos e a luz do sol.

A fotografia é excelente e, apesar da série trazer algumas cenas (bem poucas) um tanto quanto amadoras, o resultado final é excelente - PELO MENOS ATÉ A METADE DO SEGUNDO EPISÓDIO.

A partir do segundo capítulo, a produção perde a mão ao tentar mostrar a jornada de Drácula até a Inglaterra em um navio que transporta não só carga, mas também passageiros. Já o terceiro, foca na vida do vampiro na sociedade moderna, lidando com a tecnologia moderna e até caçando sua presa por meio de aplicativas de encontro, como o Tinder, entre outras artimanhas desnecessárias.

Apesar de ter um fim sofrido, porém com uma leitura poética, a série é uma adaptação mediana do empalador, cuja abordagem do episódio inicial já satisfaz as expectativas do telespectador. Claro que é necessário assistir toda a produção para chegar a um veredito, mas a decepção com a série se torna cada vez mais visível a medida que os minutos dos dois episódios posteriores vão passando na tela, nos deixado um gosto 'agridoce' em relação ao que poderia ter sido uma perfeita abordagem do empalador.

"Drácula" está disponível na Netflix.

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