Projeto Origem une dança e mundialidade de bailarinos brasileiros, venezuelanos, haitianos e sírios no Teatro Zé Maria

01/11/2023

Créd. Gus Benke

Entra em cartaz de 1º a 12 de novembro, no Teatro Zé Maria, em Curitiba, o  “Projeto Origem”, um espetáculo de dança que traz para o palco os movimentos migratórios, mergulhando na força e na vulnerabilidade de se criar em um novo território. As sessões são gratuitas e ocorrem de terça a quarta, às 20h, e, sábados e domingos, com duas apresentações, às 18h e 20h. 

 

No elenco, além de bailarinos brasileiros, a mostra conta com artistas da Venezuela, Haiti e da Síria, e que, segundo a diretora e coreógrafa Patrícia Machado, parte de registros que deixamos por onde vivemos, inscritos e escritos, que pulsam no espaço, no outro e no próprio corpo, ao atravessar as fronteiras do que se imagina ser e mergulhar na experiência de se recriar em um novo território.
 

 

Ao longo de todo o projeto tivemos uma grande preocupação de conhecer esses artistas e trabalhar a partir do conhecimento de dança, de trabalho corporal e desejos artísticos que eles traziam. É muito interessante criar a partir das diferenças, pois são pessoas de diferentes origens, com pensamentos, cultura e a própria relação com o corpo bem distintas. A partir de estudos biográficos e ficcionais, parte do espetáculo foi criado pelo próprio elenco e eu, como diretora, fui tateando o que havia em comum a estas pessoas. O Projeto Origem não pretende espetacularizar essas narrativas, mas aposta numa cena como lugar de acontecimento que aborda a mistura”, explica a diretora e coreógrafa Patrícia Machado.

 


O espetáculo de dança inédito aborda o conceito de “mundialidade”, de Edouard Glissant, que investigou o que há de poético nos êxodos humanos. A partir desse estudo nasceu a montagem, apoiada no conceito do fazer coletivo, buscando na pedagogia de fronteiras, o estético e o ético, presentes na necessidade de aprender, criar e inventar um “conceito de humanidade por vir”. Ao lançar no processo artístico, a proposta inclui criações de bailarinos brasileiros, junto de artistas em situação de migração e refúgio que, juntos, dividem a cena.

 

A coreógrafa Patrícia Machado vem há bastante tempo estudando práticas artísticas junto de pessoas em situação de deslocamento forçado, como migrantes, refugiados e apátridas. Seu projeto surgiu em 2017, quando Patrícia guiou uma residência artística com bailarinos do Teatro Guaíra, em que propôs um trabalho de parceria com o “Trio Alma Síria”, composto por artistas refugiados vindos de Allepo, surgindo a vontade e a ideia após ter passado alguns anos trabalhando com dança em outros países, e, sentindo pelo menos um pouco na pele, o que é ser uma imigrante. 

 

O projeto, que tem a dramaturgia de Laura Haddad, coreografias de Fernando Marés e sonoplastia de Sérgio Justen, é realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, com incentivo do EBANX.

 

Confira no Youtube o vídeo teaser de Origens, projeto inicial dos estudos nesta área de Patrícia Machado, inspirado em relatos reais de refugiados vindos de Aleppo, na Síria, por meio dos registros, inscritos e escritos no corpo ao longo dos processos migratórios:

 

 

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