''Medida Provisória'' será exibido na 2ª edição do Festival de Cinema Brasileiro, no Peru

Capa - Seu Jorge (esquerda) e Alfred Enoch em cena de Medida Provisória. Créditos: Divulgação.
 

A capital peruana recebe de 18 a 24 de maio a 2ª edição do Festival de Cinema Brasileiro. O evento reúne 12 longas contemporâneos entre romances, dramas, biografias, comédias, animação e documentários, todos com imenso sucesso de público e de crítica, incluindo várias premiações no Brasil e no exterior. O festival é uma parceria entre a embaixada do Brasil em Lima, a Linhas Produções Culturais e o Centro Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Peru (CCPUCP). As sessões acontecem no CCPUCP.
 

Na abertura, às 7:30pm do dia 18, será exibido Medida Provisória, obra de estreia na direção do ator brasileiro Lázaro Ramos. O drama é ambientado em um futuro distópico. O governo brasileiro decreta uma medida provisória em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata. O ato gera uma reação imediata no Congresso Nacional, que passa a obrigar os cidadãos negros a migrarem para a África para retornarem às origens. Lázaro Ramos participará de um debate online na sessão de abertura com o público peruano logo após a exibição do filme.
 

A aprovação da medida afeta diretamente a vida do casal formado pelos personagens, a médica Capitú e o advogado Antonio, assim como a de seu primo, o jornalista André. Todos moram no mesmo apartamento. No local, eles debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país.
 

Um dos mais recentes lançamentos do cinema brasileiro em 2023, o filme O Rio do Desejo, de Sérgio Machado, foi muito bem recebido pelo público e pela crítica no início deste ano. No drama, o capitão Dalberto deixa seu trabalho e compra um barco depois de iniciar seu namoro com Anaíra. No início, a situação é harmoniosa, mas logo se desenrola uma tragédia familiar quando ele e seus dois irmãos se veem completamente apaixonados pela mesma mulher.
 

O festival traz também em sua programação o longa Pureza, de Renato Barbieri, baseado na história real de Pureza Lopes Loyola, mãe que parte em busca do filho Abel em uma mineradora da região amazônica. Ela toma a decisão após meses sem notícias do filho, que decidiu sair de sua cidade natal para tentar melhorar a vida em um garimpo na Amazônia. Em busca de Abel, ela percorre cidades e fazendas e descobre um cruel sistema de recrutamento e encarceramento de trabalhadores rurais. Sua luta inspirou, nos anos 90, a criação da primeira instituição brasileira de combate ao trabalho escravo.
 

Outro destaque é Piedade, de Cláudio Assis. No drama, a rotina dos moradores da cidade é abalada pela chegada de uma grande empresa petrolífera, que decide expulsar todos de suas casas e empreendimentos para ter melhor acesso aos recursos naturais.
 

Completam a mostra os filmes Depois a Louca sou Eu (comédida dramática), de Julia Rezende, Turma da Mônica - Lições (aventura), de Daniel Rezende, Clube dos Anjos (drama), de Angelo Defanti, O Livro dos Prazeres (drama/romance) de Marcela Lordy, A Porta ao Lado (drama/romance), de Julia Rezende, 45 do Segundo Tempo (comédia), de Luiz Villaça, e, para os amantes da música brasileira, os documentários Elis&Tom, Só Tinha de Ser com Você, sobre os bastidores da gravação de uma das obras mais importantes da música brasileira, em 1974, e Maria, Niguém Sabe Quem Sou Eu, sobre os mais de 50 anos de carreira de Maria Bethânia, uma das maiores intérpretes brasileiras de todos os tempos.
 

Para o Embaixador do Brasil em Lima, Sérgio França Danese, a realização do segundo festival de cinema brasileiro no Peru em período tão curto (a primeira edição foi em dezembro de 2022) mostra não apenas o interesse e o apreço do público peruano pelo cinema brasileiro, mas também a qualidade dos filmes, que ganham cada vez mais destaque no cenário internacional. “Nossa diversidade cultural é uma grande marca em todas as nossas artes. No cinema, em especial, as premiações nas mais diversas partes do mundo são uma prova inequívoca do seu sucesso. Temos muitas afinidades culturais como país de lingua latina, mas também características muito peculiares. O festival, como seus mais diversos gêneros, é uma excelente oportunidade para que os amantes das artes e do Brasil possa conhecer melhor nossa cultura”, afirma.
 

Para Fernanda Bulhões, diretora da Linhas Produções Culturais, voltar a Lima para realizar o segundo festival em menos de seis meses é motivo de grande satisfação. Segundo ela, a decisão de realizar em maio se deu por dois motivos centrais: pelo sucesso da primeira edição em dezembro e pela oportunidade de buscar uma agenda para atrair ainda mais público. “Queremos premiar o público peruano com o melhor de nosso cinema contemporâneo nos mais diversos gêneros. O Brasil faz um cinema autoral de muita qualidade. Mostramos toda nossa diversidade, todo nosso repertório e, mais importante, fazemos um cinema que mostra nossa riqueza cultural, nossa beleza natural, mas jamais nos envergonhamos de contar nas telas nossas mazelas, nossos problemas. Talvez nesse aparente paradoxo esteja a essência de nosso cinema, na verdade e nas histórias contadas com paixão”, ressalta.