Seminários gratuitos sobre Cinema Negro, Cinema de Luta e outros temas do mercado fazem parte do 13º Olhar de Cinema

28/05/2024

Capa - Versão em 4k de 'Um é Pouco, Dois é Bom', terá sua estreia no Olhar de Cinema - Cred Reprodução

Falta pouco para a 13ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba

O evento, que ocorre de 12 a 20 de junho, exibirá mais de 80 produções cinematográficas, entre estreias nacionais e internacionais, obras de cineastas paranaenses, clássicos restaurados e reapresentados na telona em alta definição, são algumas das opções que compõem a ampla programação do evento, que se concretiza como um dos mais importantes dedicados à sétima arte do Brasil. 

As 10 mostras do festival propõem um novo olhar sobre determinado segmento, pauta, idade, diretor ou estilo de produção, resultando nos longas e curtas-metragens selecionados pela equipe de curadoria. Os ingressos já estão à venda pelo site oficial com valores a partir de R$8 (meia-entrada). 

Além das exibições, o Olhar de Cinema ainda conta com um amplo quadro de seminários e oficinas gratuitas e abertas ao público, abordando diferentes temas que vão além dos aspectos técnicos e estéticos da cinematografia, promovendo reflexões sobre o papel social da sétima arte. 

Preservação Audiovisual e Cinema Negro no Brasil

Entre os tópicos a serem discutidos nesta edição, está a Preservação Audiovisual do Cinema Negro no Brasil, fazendo referência à estreia da versão restaurada e digitalizada em 4k do filme “Um é Pouco, Dois é Bom”, de Odilon Lopez, que estreia no Olhar de Cinema. O primeiro longa-metragem dirigido por um diretor negro no Sul do país traz novos contornos para as discussões em torno da historiografia do cinema negro e brasileiro, se adentrando no debate de questões sociais, como o racismo e a marginalização de seus personagens. 

O filme segue uma estrutura episódica, acompanhando seus protagonistas em dois contos pela vida urbana em Porto Alegre - “Com…Um Pouquinho de Sorte”, que trata o motorista de ônibus Jorge, que se casa com Maria, que, grávida, é despedida do emprego. Jorge sofre um acidente e tem o mesmo destino, tendo que virar camelô e bicheiro para pagar prestações do apartamento; e “Vida Nova… Por Acaso”, os batedores de carteiras Magrão e Crioulo saem da cadeia dispostos a começar uma vida nova. Um deles apaixona-se por uma loira de alta classe social, mas o destino lhe reserva uma surpresa. 

“O Olhar de Cinema tem a honra de receber a estreia da versão 4K deste histórico longa, que além de ser dirigido por Odilon Lopez, também é roteirizado por ele, contando ainda com diálogos de Luiz Fernando Veríssimo”, comenta Gabriel Borges, curador de longas-metragens do Olhar de Cinema. 

No seminário gratuito, que ocorre no dia 14 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, participam os representantes das instituições parceiras que realizaram a restauração Cinemateca Capitólio, plataforma INDETERMINAÇÕES e Mnemosine Serviços Audiovisuais: Débora Butruce, coordenadora de preservação do projeto; Gabriel Araújo, jornalista, crítico e curador de cinema; Lorenna Rocha, historiadora, crítica e programadora de cinema; Marcus Mello, técnico em cultura da Cinemateca Capitólio; e Vanessa Lopez, filha de Odilon Lopez, falando sobre o processo de retomada do longa-metragem de Lopez, em seus aspectos técnicos e impactos políticos e históricos para o campo do cinema nacional. Como a recirculação de uma obra dirigida por um cineasta negro na década de 1970 pode reorientar a forma de escrever a história do cinema brasileiro? Como esse projeto poderá auxiliar nas articulações de políticas de preservação audiovisual focadas nas autorias negras? 

A estreia da versão em 4K de “Um é Pouco, Dois é Bom”, está marcada para o 13 de junho, às 19h45, no Cine Passeio Ritz, com reexibição no dia 16 de junho, às 16h30, no Cinemark Mueller. Os ingressos para as sessões estão disponíveis no site oficial do Olhar de Cinema. 

Papo com a curadoria

Ainda faz parte da programação do festival, o seminário online com a equipe de curadoria da edição 2024, que falará sobre o processo de seleção das mais de 80 produções do evento, composta por Camila Macedo, doutoranda em Educação pela UFPR e bacharela em Cinema e Vídeo pela Unespar e atuante nas áreas de pesquisa, curadoria e realização em cinema, com foco nas interfaces entre arte, educação e os estudos de gênero e sexualidade; Carla Italiano, doutorando em Comunicação Social pela UFMG, pesquisadora em cinema e programada de mostras e festivais; Carol Almeida, doutora no programa de pós-graduação em Comunicação pela UFPE, pesquisadora professora e curadora de cinema; Eduardo Valente, formado em cinema pela UFF (UFF), com mestrado pela USP; Gabriel Borges, cineasta, curador e mestre em Cinema e Artes do Vídeo pela Universidade Estadual do Paraná; Giulia Maria, diretora, roteirista e estudante de Cinema na Unespar/FAP; e Kariny Martins, curadora, pesquisadora, roteirista,  mestre em Cinema e Artes do Vídeo pela Universidade Estadual do Paraná e doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. 

A mediação é de Antônio Gonçalves Jr, diretor e co-fundador do Olhar de Cinema. A conversa ocorre no dia 5 de junho, às 19h, com transmissão ao vivo pelo perfil oficial do evento no Youtube e Instagram. 

Três Tempos de Hou

No dia 6 de junho, às 19h, também no formato online, ocorre o seminário sobre o cinema do cineasta Hou Hsiao-hsien, homenageado na Mostra Olhar Retrospectivo da edição. Oito longas-metragens do diretor, que é considerado um dos mais influentes dos últimos 40 anos, foram selecionados para serem exibidos durante o festival - “A Assassina” (2015), “Café Lumiere” (2003), “Millenium Mambo” (2001), “Adeus, Ao Sul” (1996), “O Mestre dos Marionetes” (1993), “Cidade das Tristezas” (1989), “Poeira Ao Vento” (1986), “Tempo de Viver e Tempo de Morrer” (1985). As produções apresentam três fases da carreira do diretor, o estabelecimento de sua visão de mundo e do cinema nos anos de 1980, a consolidação de seu estilo e o reconhecimento mundial nos anos 1990, e suas obras de “maturidade”, do século XXI. 

Quem participa da conversa, que terá mediação de Gabriel Borges, curador do Olhar de Cinema, serão a pesquisadora Cecília Mello; o crítico de cinema Filipe Furtado; e o programador e crítico de cinema Ruy Gardnier

Os ingressos para os filmes da Mostra Olhar Retrospectivo estão disponíveis no site oficial do evento. 

Curta-Metragem em Foco: A importância do formato e do seu financiamento para o desenvolvimento das produtoras independentes

Os seminários continuam no dia 13 de junho, falando sobre a importância do curta-metragem e financiamento do formato para o desenvolvimento das produtoras independentes. O papo, realizado com apoio da AVEC-PR, contará com o roteirista e coordenador de Programação do Festival Kinoarte de Cinema, Artur Ianckievicz; a mestra em educação, pesquisadora e documentarista Larissa Nepomuceno; o cineasta, rapper e sócio-fundador da Cwblack Mano Cappu; e o cineasta Ribamar Nascimento, diretor do longa-metragem “A Cápsula” presente na Mostra Mirada Paranaense, será um mergulho sobre o que é curta-metragem, compreendendo o formato como um meio para maiores experimentações e, ao mesmo tempo, um canal para realizadores e produtores que almejam uma projeção nacional e internacional, debatendo trajetórias de curtas independentes. A conversa ainda traçará paralelos entre produtoras que exploram o formato, além de criar diálogos acerca do de sua importância do fomento para o florescimento de pequenas produtoras. 

Cinema de Luta


Mostra Foco - Não Existe Almoço Grátis - Cred Reprodução

Pela primeira vez no Olhar de Cinema, a Mostra Foco será dedicada a um conceito orientador, o “Cinema de Luta”, apresentando uma seleção de longas brasileiros recentes que fazem de suas práticas audiovisuais, partes integrantes de uma luta para produzir mudanças efetivas em seu entorno. Esse diálogo a respeito da mostra coloca em foco os filmes selecionados e a reflexão sobre uma prática de cinema entendida como parte intrínseca de lutas maiores. 

O seminário, que ocorre no dia 15 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, contará com a participação de Amanda Caroline da Silva, representante e coordenadora da comunicação do Núcleo Periférico, educadora popular na Escola Popular de Cinema do Núcleo Periférico e ativista social em movimentos por moradia; Arthur B. Senra, mestrando em comunicação, especialista de Processos Criativos em Palavra e Imagem, e bacharel em Cinema e Vídeo ; o documentarista Matias Borgström, diretor de “Ouvidor”; Pedro Charbel, mestre em sociologia e bacharel em Relações InternacionaisUilma Queiroz, mestre em História, membro do coletivo Mulheres do Audiovisual PE, pesquisadora, educadora e realizadora audiovisualA mediação é de Camila Macedo.

“Escrever o Cinema”

No mesmo dia, às 14h, no Cine Passeio, a conversa é sobre o lançamento de três novos livros da coleção “Escrever o Cinema”, da Editora A Quadro, desenvolvidos a partir de pesquisas sobre importantes diretores - Werner Herzog, Ozualdo Candeias e Brian de Palma. Assinado pela pesquisadora e mestra em Comunicação Jéssica Frazão, “A Verdade no Cinema Documentário de Werner Herzog”, explora a temática da verdade no cinema do diretor alemão, citando a relação homem/natureza como possibilidade de alcançar uma verdade fílmica proposta por Herzog. A doutora em História Sissi Valente assina o “O Cinema Disruptivo de Ozualdo Candeias: Morte, Desengano e Marginalidade”, analisando duas obras do diretor - “A Margem” e “Aopção: ou As Rosas da Estrada” - que discutem a realidade social brasileira de duas décadas diferentes, em que a autora problematiza a idade de marginalidade dos personagens do diretor brasileiro. 

Já o mestre em Cinema e Artes do Vídeo, Wellington Sari assina o “Brian de Palma / A opacidade mascarada”, reunindo as referências cinematográficas do diretor, suas principais características e diálogos com outros nomes como Dario Argento e Alfred Hitchcock, revelando os truques que De Palma inclui em suas obras e que o consagraram como um grande cineasta. 

O Mercado de Vendas Internacional de Filmes Independentes

No dia 18 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, o seminário abordará os desafios enfrentados na distribuição internacional dos filmes, que podem constituir parte importante da receita das produções e garantir que sejam vistas por uma grande audiência em todo o mundo. 

A mesa, que contará com a participação de Egle Cepaite, agente de vendas na Shellac Filmes, graduada em Filosofia e atuante nas áreas de Teoria do Cinema e Gestão de Artes e Cultura, e mediação da produtora audiovisual Raiane Rodrigues, discutirá e apresentará os caminhos e as possibilidades para venda internacional dos filmes independentes entre as telas do cinema, festivais, streamings e canais de televisão, a partir de trocas de experiências com agentes de vendas internacionais. A conversa é uma extensão da participação de Egle Cepaite no CURITIBAlab Pós, laboratório de pós-produção que acontece durante o festival.

Encerrando as conversas do Olhar de Cinema, no dia 19 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, ocorre o seminário sobre “Marketing e Comunicação dos Filmes Independentes”, um diálogo sobre formas de comunicação de um filme a partir de seu desenvolvimento até a distribuição, com foco no engajamento de possíveis parceiros e públicos a partir de festivais de cinema, que são a primeira janela de exibições de filmes. Como apresentar e divulgar seu filme independente? Como potencializar o lançamento e desenvolvimento de sua obra? Serão algumas das perguntas abordadas por Joanna Solecka, estrategista de marketing de filmes e mídias sociais, com mediação de Rodrigo Cook, produtor criativo executivo, formado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, com especialização em Cinema. Assim como a conversa com Egle Cepaite, o seminário de Marketing e Comunicação é uma atividade aberta que estende ao público a participação de Joanna Solecka, uma das consultoras do CURITIBAlab Pós.

Acompanhe a programação e as novidades pelo site www.olhardecinema.com.br e pelas redes sociais oficiais: Instagram @olhardecinema e Facebook.com.br/Olhardecinema. A 13ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba é realizada por meio do programa de apoio e incentivo à cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, sendo também o projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura - Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, e pelo Ministério da Cultura - Governo Federal, com patrocínio do Itaú e Peróxidos do Brasil, apoio do Instituto de Oncologia do Paraná, Sanepar, Cimento Itambé, Favretto Mídia Exterior, e apoio cultural de Projeto Paradiso, Cine Passeio, Instituto Curitiba de Arte e Cultura. Verifique a classificação indicativa de cada filme e sessões com acessibilidade de audiodescrição.

@STEREOPOPCURITIBA NO INSTAGRAM